Justificativa


Partindo da premissa de que a educação é um processo de transmissão de valores e tradições, no qual a criança descobre sua relação com sua história e cria laços com o futuro, a escola deve organizar essa transmissão, de modo que toda criança tenha acesso a nosso acervo cultural e científico, e que, a partir desses conhecimentos gerais básicos, possa tornar-se um cidadão com liberdade de escolha e capacidade crítica.

Esse processo, no entanto, não é livre de percalços.

As escolas têm sido demandadas a enfrentarem uma série de desafios no cumprimento destas premissas. Apesar dos esforços realizados nessa direção, seja no âmbito da escola ou das secretarias de educação, as dificuldades dos alunos persistem:  um número alarmante de alunos chega ao final do ensino fundamental ainda não plenamente alfabetizados; apresentam defasagem em relação ao currículo de seu ano letivo; e muitos enfrentam dificuldades nos relacionamentos com seus colegas.

Do ponto de vista do aluno, a ele também se dirigem demandas: de saber, de produção, de atenção, de disciplina, de respeito em relação aos colegas e aos professores. A escola é o lugar onde ele aprenderá coisas novas, que lhe darão acesso a sua vida futura, mas é também um lugar com regras e enquadres particulares. Na escola, portanto, a criança apre(e)nde o mundo, sua história, seus valores, suas tradições, mas é neste contexto também que ela terá de aprender a lidar com os limites e também com os seus "não saberes".

O que se convencionou chamar de "fracasso escolar" está numa relação direta com o risco de exclusão social, que uma história escolar marcada apenas pela falta, pela impotência e pela violência são capazes de produzir.

É urgente e fundamental que as escolas atuem na direção de cumprir com sua função formativa e de transmissora de valores e tradições. A garantia dos direitos das crianças, dos adolescentes e da democracia depende de uma boa educação, que assegure a possibilidade de escolher, de se posicionar, de ter um trabalho e, finalmente, de ser um cidadão pleno, que viva sua cidadania com dignidade.

É com a ambição de fazer diferença neste cenário que o Trapézio atua, desde 1995, dirigindo intervenções para professores, familiares e alunos, visando apoiar uma transformação na história escolar destas crianças.